Os cientistas estão longe de compreender o olfato, e de explicar coisas aparentemente simples como “Como sentimos os cheiros?” ou “Por que isso cheira assim e aquilo cheira assado?”
Em busca desse conhecimento, eles levantam hipóteses e constroem teorias.
A teoria mais aceita atualmente é que o cheiro é levado por moléculas da substância transportadas pelo ar, e que o odor específico de cada substância depende do formato da molécula.
Assim, nós sentiríamos os cheiros quando a molécula entra em nosso nariz e encontra o receptor no qual ela se encaixa, como uma chave em uma fechadura.
Embora seja o paradigma atual, essa teoria está longe de ser demonstrada de forma conclusiva – não existem demonstrações acerca dos formatos das moléculas e dos respectivos receptores em nosso sistema olfativo.
Além disso, ela falha em vários experimentos. Por exemplo, moléculas de enxofre e hidrogênio podem assumir os mais diversos formatos, mas sempre cheiram do mesmo jeito – elas têm cheiro de ovo podre.
Recentemente, a criação de um “perfume branco” também demonstrou claramente os buracos na teoria vigente:
Teoria quântica do cheiro
Mas o pesquisador Luca Turin, do Centro de Pesquisas Biomédicas Fleming (Grécia), vem tentando há algum tempo convencer seus colegas de que o fenômeno do odor é quântico.
Em 1996, Turin publicou um artigo propondo que não é o formato das moléculas, mas sua energia vibracional que faz com que sintamos os odores.
Teoria sobre o olfato
As vibrações moleculares acionam um efeito chamado tunelamento quântico, o mesmo que é usado nos transistores que formam os processadores de computador e todos os equipamentos eletrônicos.
Em linhas gerais, um elétron assume sua personalidade onda, em vez de partícula, conseguindo com isso atravessar uma barreira sólida, transferindo uma carga elétrica.
Comprovando na prática
Mas, para derrubar uma teoria largamente aceita, ainda que esta apresente falhas, o Dr. Turin precisava apresentar experimentos que comprovassem sua nova teoria.
Ele fez isto construindo moléculas orgânicas formadas por hidrogênio e carbono.
A demonstração consistiu em sintetizar dois tipos dessas moléculas, um tipo formado por átomos de hidrogênio e outro constituído de deutério, que é um isótopo do hidrogênio.
Os dois “tipos de hidrogênio” possuem energias vibracionais diferentes, o que, segundo a teoria quântica do odor do Dr. Turin, deveria fazer com as moléculas tivessem cheiros diferentes – mesmo sendo formadas pelos mesmos elementos químicos e terem o mesmo formato físico.
E funcionou.
Experimentos duplo-cego – nem os voluntários e nem os condutores do experimento sabiam qual molécula estava sendo usada em cada teste – mostraram que os dois tipos de molécula têm cheiro diferente, algo que não pode ser explicado pela teoria atual, mas que é perfeitamente explicado pela teoria do cheiro quântico.
Como se faz ciência
Mas derrubar uma teoria longamente aceita não é fácil. Gerações de pesquisadores foram educadas na teoria anterior, e fundamentaram seus trabalhos nela, e ninguém deseja reconhecer que as conclusões dos trabalhos de uma vida possam estar erradas ou incompletas.
O físico Max Planck conhecia bem o meio científico e resumiu magistralmente esse processo: “Uma verdade científica não se impõe por convencer os que a ela se opõem e por levá-los a verem com clareza, mas sim, antes, porque os opositores acabam morrendo e surge uma nova geração que aceita a verdade nova. (Cecília Ghiraldelli)
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